Segurança e sustentabilidade são aliadas em encostas verdes realizadas pela Conder
Desde 2014, a Conder vem realizando um trabalho que mudou a vida de dezenas de milhares de famílias ao proporcionar segurança para seus lares e a possibilidade de dormir tranquilo nos dias de chuva. Foram 109 obras de contenção de encosta em Salvador e no interior. Se o benefício à segurança é indiscutível, muitas vezes o revestimento de concreto pode trazer uma certa aridez à paisagem. Mas existe uma técnica que melhora esse aspecto, mantem uma maior porcentagem de solo permeável, ajuda a controlar o microclima ao mesmo tempo que confere estabilidade: é o solo grampeado verde e a Conder tem inovado ao utilizá-la em suas encostas.
O solo grampeado verde para a contenção de encostas tem algumas vantagens: rapidez, custos mais baixos, facilidade de execução, apelo visual e sustentabilidade. O uso de materiais naturais e abordagens ecologicamente corretas tornam o solo grampeado verde uma opção muito atrativa para a estabilização de encostas.
A técnica de solo grampeado verde envolve a regularização do solo, perfuração e injeção de âncoras ou barras de aço para garantir a estabilidade do solo que em seguida recebe a aplicação de coberturas verdes como hidrossemeadura e grama em placa, aliados a elementos de reforço como geossintéticos, biomanta e telas metálicas de alta resistência. “Essa abordagem controla efetivamente a erosão, protegendo o solo contra a ação da chuva e do vento desde que seja aliada a uma solução de drenagem que encaminhe o fluxo de água para locais adequados, evitando o encharcamento do solo”, explica o diretor de Habitação e Urbanização Integrada, Carlos Kléber Costa de Almeida.
Atualmente, a Conder utiliza a técnica do solo grampeado verde nas obras do Alto da Rodagem, no município de Cachoeira. Na cidade, foram entregues duas obras de contenção de encostas em maio desse ano, e outras três estão em execução neste momento.
Além da encosta verde em Cachoeira, a Conder concluiu com sucesso as obras de estabilização de encostas, com a técnica do solo grampeado verde, da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), da Creche Heroína do Lar, da Vila Fernandes e da Rua Chile e 3ª Travessa Real, em Plataforma, todas em Salvador. A encosta da Creche Heroína do Lar é considerada referência da técnica entre as obras realizadas pela Conder por ser a obra com maior área utilizando o solo grampeado verde.
Sob o ponto de vista ambiental as vantagens são imensas. “A vegetação é importante nas cidades, de maneira geral, para melhorar a qualidade do ar e a qualidade climática e microclimática. Isso porque ela reduz os efeitos da poluição no ar, diminui o calor e torna o ambiente mais bonito e agradável também, inclusive por causa da atração de animais, como as aves” aponta Samadhi Pimentel, biólogo da Conder.
O plantio de vegetação diretamente nas áreas tratadas não é recomendado à população já que é necessário conhecimento e cuidado na seleção das espécies. Isso porque o acúmulo de água nas raízes e aumento do peso suportado pelo solo podem diminuir a segurança das encostas. Mas para Samadhi isso não significa que nenhuma espécie possa ser plantada nos taludes recuperados com o solo grampeado verde: “existem espécies nativas ou naturalizadas que são forrageiras, arbustivas e até arbóreas, que se desenvolvem bem em terrenos íngremes e, ainda por cima, tem um sistema de raízes que funcionam como uma contenção natural de taludes”.
Durante os estudos geotécnicos para determinar a solução de estabilização mais adequada, é dada atenção especial à seleção de vegetação que possa se adaptar de forma sustentável ao solo e ao ambiente local.
Desafios para implantação
Apesar das muitas vantagens, não são todas as encostas que podem ser contidas com solo grampeado verde. As encostas implantadas pela Conder passam por uma fase de estudo para definir a melhor técnica a ser utilizada – ela vai variar de acordo com as características do solo e inclinação do local. Não é possível implantar a solução em declives verticais, sendo necessário um nível mínimo de inclinação. “A drenagem, responsável pelo direcionamento das águas pluviais, é determinante para estabilização da encosta, prevenindo a geração de poropressões e protegendo a face do talude, complementação imprescindível à cobertura verde”, explica afirma Adriana Luz, superintendente de Prevenção de Desastres da Conder.
Entretanto, os maiores desafios estão na manutenção desse sistema e na percepção da população e gestores. “O frequente acúmulo de lixo, obstruindo a passagem da água, as queimadas, a reocupação das áreas tratadas e a necessidade de compreensão pública em relação à funcionalidade da solução são os maiores desafios sociais para a manutenção desse sistema,” afirma a superintendente. Com isso, a opção pela cobertura verde, passa também por uma análise do padrão de ocupação do local e requer fiscalização constante para evitar ocupações irregulares e modificações no talude, já que há mais facilidade em modificá-lo do que os revestimentos de concreto.
“A ideia de progresso e modernização nas cidades sempre esteve muito vinculada a obras de engenharia que levaram edificações de concreto, áreas asfaltadas, por exemplo, e, consequentemente, à diminuição de áreas verdes e de espaços tidos como naturais. O problema não é necessariamente a existência de obras desse tipo, e sim o lugar que elas ocupam no imaginário popular. Quer dizer que se a obra não é de determinado tipo, ela não simboliza progresso. É imprescindível reconstruir a ideia de progresso e de modernidade. A gente tem demandas socioambientais que colocam isso como algo urgente” defende Samadhi.