Projeto ‘Agô Bahia’ visa impulsionar turismo religioso de matriz africana
Representantes de entidades negras participaram, no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Centro Histórico de Salvador, do lançamento do projeto ‘Agô Bahia’, denominação com a expressão em iorubá que significa ‘pedir licença’. A iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-BA), em parceria com a Secretaria de Cultura (Secult), visa promover o incremento do turismo religioso de matriz africana e do afroempreendedorismo. A ideia é criar novos roteiros de visitação a locais sagrados e oferecer oportunidades de negócios no segmento.
Na primeira etapa do projeto, prevista para ser concluída em dezembro deste ano, um grupo de trabalho com técnicos de órgãos públicos estaduais e da sociedade civil vai selecionar 10 terreiros de candomblé e umbanda, em Salvador e Região Metropolitana. Os templos religiosos precisarão cumprir alguns requisitos, como ser tombado ou estar em processo de tombamento, ter espaço para receber visitantes e realizar atividades com características turísticas.
Na segunda etapa, a partir de janeiro de 2023, os representantes dos terreiros escolhidos passarão a fazer parte do grupo de trabalho, para a definição conjunta de ações nas áreas de infraestrutura, elaboração de roteiros e capacitação de empreendedores negros.
“A força do turismo da Bahia está diretamente ligada às contribuições históricas e culturais do povo negro. Vamos potencializar esse patrimônio com ações de valorização das religiões de matriz africana. O Governo do Estado mobilizou as entidades do segmento, que serão ouvidas durante todo o processo”, destacou o titular da Setur-BA, Maurício Bacelar.
O presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-ameríndia (AfFA), Leonel Monteiro, está otimista. “A nossa instituição congrega terreiros e vê com positividade esse projeto. Somos um público que historicamente virou cartão-postal da Bahia, mas precisava de incentivo, para que as ações sejam ordenadas e despertem nos turistas mais interesse nas tradições de ancestralidade africana”.
“Essa iniciativa vai contribuir para que as pessoas conheçam a nossa religiosidade, evitando o preconceito. O entrelaçamento com o turismo vai nos fortalecer. Recebemos nas festas para os orixás mais turistas internacionais e queremos que um número maior de brasileiros participem também”, completou o representante do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Rodrigo Codes.