Pessoas com deficiência intelectual e autismo contam com nova unidade para acompanhamento
Ludoterapia, musicoterapia, fonoaudiologia e fisioterapia são alguns dos serviços destinados às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiências intelectuais atendidas pelo Centro Estadual de Prevenção e Reabilitação da Pessoa com Deficiência (Cepred), na avenida ACM, em Salvador. Ampliado e reinaugurado no último sábado (6), o serviço recebeu cerca de R$ 3,3 milhões em investimentos para construção de um anexo que atende a esses pacientes.
Nicole Morais, de 6 anos, é uma das crianças que recebem o suporte do centro para o desenvolvimento de habilidades emocionais e motoras. “O Cepred é muito legal, mas a parte mais divertida, a coisa mais incrível do mundo, é o ludo. Eu adorei esse mundo. É muito lindo. Olha só esses cadernos, eles são muito fofos. Eu já aprendi várias coisas incríveis aqui, a criar amigos, a cozinhar também”, compartilhou a menina sobre os trabalhos realizados pelos profissionais do setor de ludoterapia.
No planejamento terapêutico de Nicole estão atividades lúdicas em grupo para desenvolvimento da comunicação, respostas a regras e acomodação sensorial, que reduz o desconforto com barulhos e ambientes cheios. A coordenadora de reabilitação intelectual, Ana Letícia Sales, do Cepred, explicou que o centro realiza planos individualizados, com a intenção de dar mais autonomia para as crianças.
“Cada criança é avaliada individualmente, cada uma tem um plano terapêutico, e a gente vê qual é a necessidade de cada criança na avaliação multiprofissional. Na ludoterapia mesmo, que Nicole participa, tem profissionais de psicologia, de fonoaudiologia, de psicopedagogia, que fazem o acompanhamento com a terapia através do brincar. Na musicoterapia, três profissionais educam dando a percepção de letra, métrica, ritmo. A interdisciplinaridade é isso”, detalhou a coordenadora.
O plano terapêutico dos pacientes com TEA ou deficiência intelectual com idade entre 3 e 18 anos é analisado a cada seis meses, e adaptado conforme as respostas aos tratamentos. Com a família, os profissionais do Cepred realizam acolhimento, escuta, e acompanhamento psicológico individual e em grupo. O centro também acompanha crianças e adultos com deficiência auditiva, intelectual, física e pessoas ostomizadas.
O pequeno Caio, de 1 ano e 9 meses, tem o diagnóstico de atresia do esôfago, considerada uma deficiência oculta, e já usou os serviços da unidade para dar os primeiros passos. Segundo sua mãe, Ane Caroline Calmon, antes do tratamento, que começou há quase um ano, ela e o marido já não acreditavam que o filho pudesse andar.
“Ele começou a andar a partir das terapias no Cepred. A gente demora um pouco de entender e até de aceitar a necessidade, mas, aí, quando vemos os resultados, percebemos a importância do serviço, das estruturas, dos bons profissionais que encontramos aqui”, contou Ane Caroline.
O menino fez uma cirurgia de correção do esôfago há seis meses para conseguir comer pela boca e a reabilitação pós-operatória da unidade especializada também foi essencial, segundo a sua mãe. “Agora, ele está comendo. Ainda é líquido, pastoso, mas está comendo. A cirurgia dele não foi aqui, foi lá em São Paulo, mas aqui a gente encontrou todo o amparo necessário pra esse pós-operatório, e o tratamento é continuado, só a cirurgia não resolve”, pontuou.
De acordo com Valéria Cristina de Oliveira, coordenadora de Reabilitação Física do Cepred, a unidade soma, aproximadamente, 58 mil pacientes em todas as áreas de cuidado para pessoas com deficiência. São atendimentos multidisciplinares, que atendem à filosofia da instituição, que é o protagonismo do usuário.
“Utilizamos uma ferramenta muito importante para isso: o PTS, que é o Planejamento Terapêutico Singular. Nosso fazer interdisciplinar é muito importante na qualidade de vida do nosso usuário, considerando que reabilitamos para a vida. Então, esse usuário vai ter mais qualidade de vida, mais independência, mais autonomia”, descreve a coordenadora. Ela lembra que a unidade faz 25 anos neste mês de abril e, desde a fundação, conta com 142 mil usuários cadastrados.
Mais inclusão
No último sábado (6), também foi anunciado o valor de R$ 123 milhões para a ampliação de serviços na capital e no interior voltados ao cuidado para pessoas com deficiência. Está prevista, ainda, a construção de 16 novos centros de reabilitação e o apoio à requalificação de estruturas e modernização de equipamentos de equipamentos municipais de reabilitação, a partir da celebração de convênios com as prefeituras.
Santana, Ibotirama, Irecê, Itabuna, Jequié, Juazeiro, Paulo Afonso, Porto Seguro, Ribeira do Pombal, Santa Maria da Vitória, Santo Antônio de Jesus, Seabra, Senhor do Bonfim, Serrinha e Vitória da Conquista.
O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, também empenhará recursos para construção de um centro de reabilitação na Bahia. O pacote de ações pretende garantir serviços especializados nas quatro principais temáticas de reabilitação – visual, auditiva, física e intelectual – em cada macrorregião de saúde.