Pacientes do Caps AD de Pernambués fazem passeio terapêutico no Jardim Botânico
O contato com os oitis, árvores centenárias; subaúmas, árvores utilizadas como meio de comunicação pelos índios, por ter raízes em formato de tubos, possibilitando a comunicação entre tribos; com espécies de Pau Brasil, que deram origem ao nome do nosso país e com um espaço voltado às mudas medicinais de origem africana encantaram os pacientes do Centro de Atenção Psicossocial AD (Caps AD) de Pernambués, que visitaram o Jardim Botânico de Salvador, em São Marcos. O passeio fez parte das ações em celebração ao mês da Mulher.
O passeio contou com um grupo de aproximadamente 20 pessoas, entre pacientes dos grupos Superação e Mudas e Vidas, e equipe técnica especializada. A atividade teve como objetivo promover aos usuários do serviço de saúde um momento de interação e aprendizado fora da unidade, valorizando as oficinas que já ocorrem internamente.
Toda a orientação dada pelo instrutor do local pôde ser visualizada e experimentada na prática. Alguns bateram na subaúma para ouvir o som que a árvore transmite. Outros reconheceram as espécies medicinais, como o quioiô, cansanção, bem-me-quer e erva-cidreira. Outros ainda tocaram violão na tranquilidade da reserva de Mata Atlântica.
“Com o passeio, eles ganham autonomia para conhecer os lugares da cidade e melhoram a qualidade de vida”, contou a psicóloga e técnica de atendimento integrado, Caliandra Machado. Ela explicou que, no dia a dia, as mulheres do grupo Superação são atendidas em grupo ou individualmente na unidade.
“Fazemos discussões sobre o histórico de vida delas, como elas enxergam o uso de drogas, o que elas têm feito para mudar o padrão de uso, em que prejudica e o que pode ser feito para modificar essa relação com a droga e ter uma vida mais saudável”, completou.
Interação – O grupo Superação, por exemplo, já existe há três anos e ganhou esse nome após a pandemia, quando os encontros presenciais foram retomados, em setembro do ano passado. “Fazemos quatro encontros mensais: três para o momento de discussão, com atividades de relaxamento, dança e uma vez por mês a gente faz a saída terapêutica. Já fomos ao teatro, ao cinema, já visitamos parques e museus. Tentamos fazer elas circularem na cidade para que elas saibam que têm direito e acesso a esses lugares. Muitas vezes elas chegam e falam que não sabiam que poderiam vir participar e conhecer isso. Elas percebem que estando estabilizadas elas podem frequentar esses locais”, explicou a psicóloga.
A paciente Kátia Nanci Soares, de 53 anos, se divertiu muito com o passeio, registrando cada momento no celular. “Eu gostei muito, aqui houve contato com a natureza. Interagindo um com o outro, esquecemos dos nossos problemas lá fora”, declarou.
Para o enfermeiro e técnico de referência Léliton Andrade, a ida ao Jardim Botânico possibilita uma experiência única de contato com as plantas em um local aberto e natural, o conhecimento da diversidade de plantas, além de benefícios mentais de relaxamento, visita a outros espaços e realidades. “Esse momento talvez não fosse possível se os pacientes estivessem em uso abusivo de drogas, devido ao estigma que esse uso acarreta”, avaliou.