Ocupação artística marca reabertura da Casa do Benin
Um dos equipamentos que tem como objetivo a valorização das relações culturais afrodiaspóricas, a Casa de Benin, administrada pela Prefeitura através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), foi reaberta, após recesso de fim de ano. O reencontro do público com o espaço está sendo marcado pela ocupação da exposição cultural “Ani é 10”, do artista Nelson Maca.
A exposição reúne escritos e imagens do romance “Ani Todos os Felas do Mundo” que narra a história de um astro da música internacional que nasceu em uma comunidade negra de Salvador e que teve contato com o candomblé e com os ensinamentos de mestres da cultura negra, antes de se lançar ao mundo.
A mostra segue até o fim de fevereiro e ainda contará com bate-papos semanais com escritores, escritoras e artistas. Além disso, durante as quintas de janeiro e fevereiro, o artista realizará o “Ocupa Quinta”, quando serão realizadas atividades artísticas como lançamentos de livros, rodas de conversas, dentre outras.
“Estamos bastante animados com essa reabertura da Casa do Benin para esse ano de 2022, com projetos que já estão engatilhados para serem apresentados. Na verdade, nossa animação se dá desde o último Flipelô, quando apresentamos algumas atividades culturais e fomos bastante receptivos pelo público”, disse o gestor Igor Tiago.
Vinda do Rio de Janeiro e visitando pela primeira vez o equipamento, a contadora de história Vanessa Lôbo, de 43 anos, relatou a experiência. “Estou maravilhosamente surpresa, é a terceira vez em Salvador e a primeira vez conhecendo esse museu. O que mais chamou a minha atenção foi a máscara ritual Geledê. Como eu já trabalho com contos de histórias, eu sempre me interesso por máscaras, então fiquei realmente encantada com essa que é uma escultura em madeira que era usada em danças rituais para acalmar as deusas-mães”.
A amiga e servidora pública Márcia Mizrahi, de 34 anos, se encantou com as peças colecionadas que o acervo guarda. “Eu acho positivo a ideia de resgatar historicamente a cultura afrodiaspórica, trazer essas origens, não ficar somente com a ideia do eurocentrismo que sempre é passada para a sociedade. De uns tempos para cá, a sociedade está começando a absorver melhor a ideia de que temos sim outras culturas, não só a europeia, mas a africana, por exemplo. Somos um País aberto e recebemos a influência cultural de diversos lugares do mundo”.
Funcionamento – A Casa do Benin está localizada em um casarão na Rua Padre Agostinho Gomes, próximo ao Taboão, no Pelourinho, e funciona de terça-feira a sábado, das 10h às 17h.
O acervo cultural inaugurado no ano de 1988 reúne peças do Golfo do Benin que foram colecionadas pelo fotógrafo francês Pierre Verger durante sua viagem à África. No local podem ser encontradas máscaras, esculturas, tecidos e outras peças.
Prevenção — Para ter acesso à estrutura do acervo, o visitante deverá seguir todos os protocolos de segurança como o uso de máscara e álcool em gel. Além disso, é necessário apresentar a carteira de vacinação comprovando ter tomado as duas doses ou dose única contra a Covid-19.