Moradoras do Engenho Velho de Brotas aprendem a confeccionar acessórios usando materiais recicláveis
Como parte do projeto Brota Arte no Engenho – Riqueza Cultural e Ancestral, a Associação Comunitária Santa Luzia, no bairro do Engenho Velho de Brotas, recebeu esta semana a Oficina de Confecção de Acessórios com Materiais Recicláveis. No local, 25 alunas aprenderam técnicas de produção de colares, pulseiras, brincos e adereços, com o uso de plástico, garrafas PET, lacres, latas, sisal e palha. A atividade é apoiada pela Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM).
O projeto englobou, ainda, a realização de uma palestra sobre Sustentabilidade e Reuso de Materiais, apresentada pelo engenheiro sanitarista e ambiental Elson Souza. Já as aulas da oficina ocorreram nos dias 6, 7 e 8, no turno vespertino. O projeto será concluído com um desfile, no dia 9 de junho, às 18h, no Cine Teatro Solar Boa Vista, com uma coleção inspirada nas manifestações artísticas, culturais e religiosas e nos artistas e personalidades do bairro. As peças que foram produzidas durante a oficina também irão compor o figurino dos modelos.
Valorizar o bairro – “A oficina tem sido totalmente satisfatória, inclusive tem superado as nossas expectativas. Muitas pessoas que demonstraram interesse logo de início apareceram e trouxeram outras pessoas também. No segundo dia quase o dobro apareceu. Isso mostra que a comunidade é realmente carente de cursos e oficinas que ocupem o tempo e ofereçam novas oportunidades”, conta o estilista e idealizador do projeto, Cid Brito.
Brota Arte no Engenho visa exaltar o potencial e a fonte de arte e cultura do Engenho Velho de Brotas. O verbo “brotar” faz uma brincadeira com o nome do bairro: Brotas. A iniciativa buscou agregar profissionais e personalidades da própria localidade, a exemplo da professora da oficina, que é designer e comerciante do bairro, do idealizador do projeto, do engenheiro que apresentou a palestra, dos alunos e das pessoas que irão participar do desfile, algumas delas modelos que moraram ou ainda moram no Engenho Velho de Brotas.
“Eu sou nascido e criado aqui no bairro e tudo que aprendi foi observando as manifestações culturais que surgiram daqui ou que aqui aconteceram. Eu me firmei hoje como estilista tendo como primeira experiência a produção de roupas para quadrilhas juninas daqui. Hoje, eu trabalho com moda e com adereços para religiões de matriz africana”, afirma Brito.
Produção e preservação – Para a professora Rosana Souza, que trabalha com design e acessórios há 25 anos e tem uma loja no bairro onde expõe os seus produtos, a oficina foi oportuna. “As meninas entenderam que com tampinhas de garrafa e fundo de latinha é possível fazer lindos brincos, que com tecido é possível fazer colares, pulseiras e brincos, e elas estão tão encantadas que estão perguntando se o curso vai ter continuidade. Além disso, a gente deixa de jogar no lixo o que pode reciclar”, opina.
A operadora de telemarketing Nair Valente, de 37 anos, relata que o curso a colocou em contato com uma prática que sempre admirou. “Eu sempre gostei de bijuterias que são feitas a partir do artesanato, pois quando você prepara uma peça, ela se torna especial e ganha um toque pessoal. Eu acho muito interessante. Além disso, a gente está aproveitando materiais recicláveis ao invés de descartar na natureza e é uma possibilidade de trabalho ou de renda extra. Eu até mostrei para o meu filho o brinco que produzi e ele ficou admirado”.
“O projeto está de parabéns, pois é uma forma também de ensinar técnicas que irão ajudar na preservação do meio ambiente. Os acessórios que a gente está produzindo aqui são lindos, podem ser uma fonte de renda, portanto é uma ação bastante louvável. Meu desejo é que venham outras e que os alunos também possam multiplicar. Eu mesma já vou passar esse conhecimento adiante”, disse a aposentada Edmea Coelho, de 70 anos.
Territórios Criativos – O projeto Brota Arte no Engenho – Riqueza Cultural e Ancestral foi contemplado pelo edital Territórios Criativos, gerido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do Ministério da Cultura, e com a suplementação da Prefeitura, através da FGM. O edital foi lançado em agosto do ano passado, com o objetivo de promover a cidadania cultural, ampliando a democratização e descentralização do acesso aos recursos públicos para as iniciativas artístico-culturais de relevância para a cidade.
Outros projetos contemplados pelo edital também estão sendo realizados em diferentes bairros da cidade até o próximo domingo (12). Em escolas municipais de Salvador, até esta sexta (10) está sendo realizada a Vivência Teatral Contando Histórias do Meu Mundão. Em três espaços culturais do Centro Antigo de Salvador está sendo realizada uma vivência em dança afro com a deusa do bloco Ilê Aiyê, Gisele Soares, até o próximo domingo (12). O projeto chama-se Festival Omodê Agbara e conta também com shows artísticos e um concurso voltado para crianças de seis a 12 anos.
Até o próximo domingo (12), a Fundação Pierre Verger, no Engenho Velho de Brotas, recebe a oficina de percussão afro-baiana para mulheres, intitulada Mulheres, Tambor e Resistência: Regência Feminina. Na Casa de Castro Alves, no Santo Antônio Além do Carmo, o projeto Imersão Poética na Casa de Castro Alves propõe oferecer ao público, de maneira gratuita, uma imersão literária apoiada na abordagem sobre a dignidade humana na obra de Castro Alves. A imersão poética vai até o próximo sábado (11), das 14h às 19h.
Amanhã, também na Fundação Pierre Verger, no Engenho Velho de Brotas, três oficinas serão realizadas, abertas para a comunidade e para diferentes públicos para apresentar resultados de uma pesquisa com perspectiva LGBT+ do Coletivo das Liliths. No local, também haverá quatro sessões gratuitas do espetáculo Outras Fábulas Mágicas do Coletivo das Liliths e a produção de um podcast.
Na Sede do Afoxé Filhos do Congo, na Fazenda Grande IV, estão acontecendo, todos os sábados, oficinas de pintura e customização, inspiradas no resgate e manutenção da representatividade negra e dos orixás na moda. Em sua 2ª edição, as oficinas visam capacitar 20 mulheres negras, travestis, transexuais e intersexo transgênero e cisgênero. As oficinas ocorrem todos os sábados, até o mês de agosto.
Já o Espaço Boca de Brasa Cajazeiras, em Cajazeiras X, recebe, às 10h do próximo sábado (11), a oficina de criação em dança Movimenta Cajazeiras. No local estão sendo realizadas mostra, oficina e roda de conversa.