Kaiala, de Sulivã Bispo, marca retorno presencial do Domingo no TCA
Após um ano e meio de atividades realizadas exclusivamente por meios digitais, o Domingo no TCA volta a ter a presença de público no mês da Consciência Negra. O retorno será marcado pela apresentação do solo ‘Kaiala’, do ator Sulivã Bispo, em cena sob a direção de Thiago Romero. O espetáculo, que traz a cultura e a beleza do candomblé de Angola, ocorre neste domingo (14), às 11h, na Sala Principal do Teatro Castro Alves (TCA). Os ingressos custam R$ 1,00 (inteira) e R$ 0,50 (meia), vendidos apenas no dia do evento, no local, a partir das 9h, com acesso imediato à plateia do teatro.
Pensando neste momento especial de retomada, o texto da obra foi revisitado, com o acréscimo de novas cenas e músicas. Em ‘Kaiala’, o ator transita entre a intolerância religiosa, o infanticídio e o racismo para dar contorno ao seu primeiro trabalho solo. A obra conta a história do assassinato de uma menina de 10 anos durante a invasão de seu terreiro por um grupo de evangélicos, se baseando em três pontos de vista: o do seu irmão-de-santo; da sua avó, que ao mesmo tempo é sua ialorixá; e da evangélica que lidera o ataque ao terreiro, que também é a algoz da criança. A narrativa traz depoimentos e memórias dos três locutores, fazendo com que o espectador perceba na transição narrativa aspectos da religião, do crime cometido e da resistência do povo negro.
A peça apresenta a divindade Kaiala, inquice do candomblé-Angola, e é usada como metáfora para tratar de temas como a intolerância, resistência, preconceito e genocídio do povo negro. Dentro da tradição bantu, Kaiala tem as águas como seu domínio. “Kaiala é um alerta do que não pode mais acontecer. É a grande força maternal, que cuida das cabeças e vem passar essa mensagem. Ela traz para a dramaturgia a visão de divindade de maneira muito bela e singela e faz um paralelo com esse momento tão triste que estamos vivendo de intolerância religiosa no país”, explica Sulivã.
O embrião do espetáculo, que também busca no humor uma forma de conscientização, nasceu há seis anos em uma atividade apresentada no Ato de Quatro – projeto da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba) – que consiste na criação de cenas de 15 minutos. Com ‘Kaiala’, Sulivã foi indicado ao Prêmio Braskem de Teatro de 2016 na categoria Melhor Ator.
Diante dos impedimentos causados pela pandemia de Covid-19, o espetáculo ganhou uma versão virtual, gravada no Terreiro Bate-Folha, a partir do projeto Ngunzo Kaiala, selecionado no Prêmio das Artes Jorge Portugal 2020 – Programa Aldir Blanc Bahia (apoio financeiro do Estado da Bahia por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado, via Lei Aldir Blanc), e retorna presencialmente no palco do TCA.
Protocolos sanitários
Para entrar no Complexo do TCA, é preciso comprovar ter tomado as duas doses de vacina contra a Covid-19 ou dose única, mediante apresentação do documento de vacinação fornecido no momento da imunização ou do Certificado de Vacinação, obtido por meio do aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde. O acesso somente será autorizado após a aferição da temperatura, que deverá estar abaixo de 37,5°C.
Além disso, outros protocolos de prevenção à disseminação da Covid-19 deverão ser cumpridos, como uso de máscara facial (cobrindo boca e nariz) e higienização das mãos com álcool em gel 70%. A Cartilha de Protocolos Sanitários do Teatro Castro Alves pode ser acessada no site do TCA.
Domingo no TCA
O Domingo no TCA é uma iniciativa do Teatro Castro Alves, Fundação Cultural (Funceb) e Secretaria de Cultura do Estado (Secult), que se compromete em ampliar e diversificar o público frequentador, oferecendo-lhe acesso a espetáculos qualificados, das mais diversas linguagens artísticas. Desde 2007, com mais de 150 edições e cerca de 200 mil espectadores, o projeto engloba apresentações de música, teatro, dança, circo, cinema, de variados estilos e proposições estéticas, da Bahia, do Brasil e do mundo.