Festival Boca de Brasa enfatiza cultura realizada nas comunidades de Salvador
A abertura da Semana Criativa Boca de Brasa, na noite da quarta-feira (11), realizada no Espaço Boca de Brasa Cajazeiras, provocou reflexões sobre o potencial criativo das favelas e levantou questões sobre como usar políticas públicas como instrumento para fomento da cultura periférica. A programação, que segue até domingo (15), reúne os resultados dos projetos contemplados pelos editais Espaços Culturais Boca de Brasa e de Ocupação e Dinamização dos Espaços Culturais.
Presente no evento, a vice-prefeita Ana Paula Matos afirmou que é preciso intensificar o diálogo com as periferias para que as políticas públicas voltadas à cultura sejam cada vez mais assertivas e adequadas à realidade do público. “O poder público só existe quando representa a voz da comunidade e quando a voz da comunidade também é a mesma do poder público, porque é um conjunto. Nossa maior contribuição é ter a capacidade de perceber o lugar de fala de cada um, dos jovens, idosos, mulheres…”, afirmou.
O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, destacou que pensar a cultura é muito importante e abordar a potência das quebradas traz novas perspectivas para os artistas locais. “Eu brinco muito com as pessoas perguntando se elas conhecem o miolo de Salvador, que é uma área potente e violenta no sentido da criação. Temos que mostrar cada vez mais para toda a cidade que estes são lugares onde a cultura pulsa e não só a violência e o tráfico. Aqui a pegada é cultural, é educação. Temos que trabalhar para cada vez mais abrir novos espaços, fortalecer grupos e a cultura porque isso gera identidade, pertencimento, crescimento”, pontuou.
O primeiro bate-papo da programação semanal trouxe como tema “A Potência Criativa das Quebradas”. Participaram do diálogo, intitulado Boca Livre, o idealizador do Acervo da Laje, José Eduardo, o presidente da CUFA Bahia, Márcio Lima, e a idealizadora do Encontro Periférico de Artes (EPA), Inah Irenam.
Para Inah, a criatividade é uma característica marcante das favelas e esse potencial precisa ser impulsionado e valorizado. “A gente vem nesse curso para entender de onde a gente vem e para reconstruir o que já é nosso. É até um pouco contraditório pensar em criatividade na periferia porque já somos criativos naturalmente. A gente não existe sem ser criativo, temos as referências negras, ideologias africanas e modo de existir com dança, canto, interpretação, corpo… É com esse corpo que a gente vai à luta”, destacou.
Formato inovador – Toda a programação é gratuita e acontece em formato híbrido. O público poderá conferir presencialmente as atividades a partir dos locais onde acontecerão as transmissões, ou acompanhar remotamente pelo canal do Boca de Brasa no YouTube. As atividades seguem as recomendações sanitárias de enfrentamento à Covid-19.
Sempre às 17h, acontece o momento Boca Livre, que é uma roda de conversas sobre temas que evidenciam a potência das quebradas, como criatividade, empreendedorismo, culinária afetiva e sustentável, o poder do audiovisual e da atuação em rede. Nesta quinta-feira (12), o evento discute a Potência Empreendedora das Quebradas, tendo como convidados Franklin Gomes (Semdec) e Elivan Nascimento (Noix Coletivo), e mediação de Ivana Magalhães (Quintal Sensorial).
No segundo momento, sempre às 19h, acontece o Boca de Brasa Apresenta – uma atividade artístico-cultural, incluindo apresentação de espetáculos de teatro, dança, stand-up comedy, música, exibição de filmes, entre outras linguagens.
Programação – Festival Boca de Brasa
Dia 13/8 (sexta-feira) – Café Teatro Nilda Spencer (Barroquinha)
17h – Boca Livre: A Potência da Culinária – Afeto e Sustentabilidade, tendo como convidados Jorge Washington, Cecília Silva e Isabella Moreira, e mediação de Dalton Soares (Panela de Bairro/TV Bahia)
19h – Boca de Brasa Apresenta: Espetáculo “REMONTANDO” (Poesia nem sempre é poesia) – Boca de Brasa Remonta, com apresentação da Fabrício Cumming e Bruno Barroso como artista convidado.
Dia 14/8 (sábado)
9h – Aulas Online do Boca de Brasa – Canto (Coletivizando Cajazeiras); Teatro de Cordel (Olhar 360); Dança Zumba (Remonta); Empoderamento femino, corpo e dança (Casa do Sol)
12h – Culinária Musical Especial – Afrochef Jorge Washington, Samba Quinteto, Andrea Moraes e Mestre Timbó
Local: Casa do Benin
17h – Boca Livre: A Potência do Audiovisual das Quebradas. Convidados: Marize Urbano (Coletivo Periférico de Cinema) e Daniele Souza (Coletivo Saturnema). Mediação: Lecco França (Muncab).
Local: Boca de Brasa Cajazeiras
19h – Cineclube Boca de Brasa. Filme: Sonoplástia (Marize Urbano)
Local: Boca de Brasa Cajazeiras
Dia 15/8 (domingo)
9h – Aulas Online do Boca de Brasa – Arrumadinho de Bacalhau e Requeijão de Castanha (Culinária Musical), Carré de Cordeiro (Alimento da Alma) Circo (Circo Picolino) e Percussão (Quabales).
17h – Boca Livre: A Potência da Rede Boca de Brasa, tendo como convidados Conceição do Amor Divino (Casa do Sol), Jean Cardoso (Quabales), Robson Mol (Circo Picolino), Jamile Coelho (Muncab), Fernanda Paquelet (Coletivizando Cajazeiras), Fabrício Cumming (Remonta) e Fernando Marinho (Olhar 360), com mediação Fernando Guerreiro (presidente da FGM).
Local: Boca de Brasa Subúrbio 360 (Vista Alegre)
19h – Palco Aberto Boca de Brasa – Mostra Final, com apresentação de Carol Alves e Fabrício Cumming.
Local: Boca de Brasa Subúrbio 360 (Vista Alegre)