Festa da Boa Morte agrada turistas e tem destaque na promoção internacional do Brasil
Considerada uma das maiores manifestações do sincretismo religioso baiano, a Festa da Boa Morte segue até esta quinta-feira (16), no município de Cachoeira, na zona turística Baía de Todos-os-Santos, com apoio do Governo do Estado. Durante seis dias, brasileiros e estrangeiros movimentam a economia da cidade e comemoram os 203 anos da celebração a Nossa Senhora da Glória, realizada pela irmandade formada exclusivamente por mulheres negras. Criada em 1820, a confraria foi responsável pela alforria de negros escravizados.
“Fiquei emocionado durante a procissão. É uma tradição que não perde a força. Pretendo retornar sempre que puder”, disse o paulista Mário Lampareli, que participou da Boa Morte pela primeira vez. “Estou em Salvador há seis meses e fiquei sabendo da festa. Adorei os rituais e a história de resistência dessas mulheres negras”, destacou a cineasta francesa Laurie Calvet.
Já o professor norte-americano Stephen Selka conheceu as celebrações da Boa Morte em 2001. “Desde então, já retornei onze vezes. Como antropólogo, admiro bastante a parte religiosa, a questão do sincretismo e as procissões. Cheguei a escrever um capítulo sobre a festa em uma dissertação acadêmica”, contou.
Para conhecer o perfil dos turistas que participam da festa da Boa Morte, a Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA) realiza pesquisa que vai identificar origem, orientação religiosa, tempo de permanência no destino, gastos e tipo de hospedagem e meios de locomoção utilizados, dentre outros aspectos.
Promoção internacional
Uma equipe da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) está na Bahia para gravar uma série documental sobre o turismo étnico-afro. Além da Festa da Boa Morte e do quilombo Kaonge, em Cachoeira, gravações estão sendo feitas em Santo Amaro e Salvador. O conteúdo produzido será utilizado em ações promocionais no exterior, a fim de atrair estrangeiros.
“Existe um grande nicho de mercado de norte-americanos, alemães e franceses que vêm para a Bahia pensando na cultura, não somente nos atrativos de sol e praia. Eles chegam buscando exatamente essa questão ancestral”, explicou Tania Neres, coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur.