Dormir bem pode reduzir risco de infertilidade em mulheres

Produzida principalmente no cérebro, pela glândula pineal, mas também, pelo trato gastrointestinal, pulmões, olhos, rins, pele, fígado, tireoide, pâncreas e sistema imune, a melatonina ou “hormônio do sono ou da escuridão”, afeta as funções cerebrais, imunológicas, gastrointestinais, cardiovasculares, renais, ósseas e endócrinas e atua como uma molécula oncostática e antienvelhecimento. O hormônio, que é naturalmente produzido durante o sono, é um forte aliado da saúde feminina, tendo em vista que também atua na regulação de uma variedade de importantes ações centrais e periféricas relacionadas aos ritmos circadianos e à reprodução.

Pesquisas realizadas na última década sobre Síndrome do Ovário Policístico (SOP), fertilidade e muitas outras condições, combinadas com a pandemia de Covid-19, levaram a uma maior conscientização sobre a melatonina por causa de sua capacidade de atuar como um potente antioxidante, agente imunoativo e regulador mitocondrial, conforme explica o médico ginecologista, Dr. Jorge Valente. “Existe um grande vínculo entre a falta ou insuficiência desse hormônio com a infertilidade e, também, em relação às doenças estrógeno-dependentes – aquelas que se mantêm ativas durante a idade fértil da mulher – como a SOP, Falência Ovariana Prematura (FOP) e endometriose”, destaca o ginecologista.

Ou seja, dormir bem, em condições adequadas (sem luminosidade – a luz é um inibidor da produção de melatonina, enquanto o escuro um estimulador), e pelo tempo necessário para cada indivíduo – em média de 6h a 9h – mais que promover o descanso físico, reduz a probabilidade de desenvolver diversos tipos de problemas de saúde, entre eles a infertilidade. De acordo com o médico, isso acontece porque além de sua ação antioxidante, a melatonina também controla a função ovariana através da regulação da liberação e produção dos hormônios sexuais, podendo diminuir ou aumentar suas concentrações. Vale destacar que durante a noite a concentração de melatonina no sangue e nas células é cerca de 3 a 10 vezes maior.

Infertilidade

Nos últimos anos, estudiosos levantaram a suspeita de que a melatonina estaria relacionada à maturação do folículo ovariano. Essa hipótese surgiu do fato de que há três vezes mais melatonina no líquido que envolve o ovário do que na circulação sanguínea. Além disso, as células foliculares possuem receptores do hormônio. Pesquisadores de diversas instituições também indicaram que a melatonina tem uma participação importante na regulação do crescimento folicular.

Doenças estrógeno-dependentes

Mulheres que tenham SOP, FOP e endometriose precisam de ação anti-inflamatória e estudos apontam que a melatonina tem um papel fundamental nesse processo porque, de acordo com Dr. Jorge Valente, o hormônio também influencia na produção de hormônios sexuais que possuem importantes papéis no crescimento e diferenciação de células ovarianas, podendo diminuir ou aumentar suas concentrações. Já a ação antioxidante da melatonina ajuda na proteção embrionária, melhora a qualidade do endométrio, a qualidade do óvulo, diminui sensibilidade à insulina, melhora a dor no caso da endometriose, alivia os sintomas das tensões pré-menstrual. favorece a qualidade do sono, o humor, aumentando a qualidade de vida da mulher.

“Ou seja, quando não temos um ciclo de atividades e sono funcionando de maneira adequada, desregulamos o nosso ritmo circadiano, afetando não só a nossa disposição (sono quando deveríamos estar despertos e acordados quando deveríamos dormir), mas principalmente toda a forma como nosso organismo trabalha”, diz Dr. Jorge Valente.  O médico lembra ainda que indivíduos que possuem um estilo de vida saudável, com adoção de uma dieta equilibrada e prática regular de exercícios tendem a dormir melhor e, consequentemente, ter mais saúde e qualidade de vida. “Importante também destacar que a suplementação deste hormônio deve ocorrer apenas se houver indicação médica e após uma avaliação clínica individualizada”, pondera Dr. Jorge Valente.

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