Começa o Terra Madre Brasil, maior evento da gastronomia mundial

O Terra Madre Brasil 2020, evento inteiramente dedicado à comida boa, limpa e justa, volta a ser realizado no país depois de 10 anos. Desta vez, o evento é online e gratuito. A abertura ocorreu ontem (17), com transmissão pelo canal Slow Food Brasil, no Youtube.

O evento é uma correalização da Associação Slow Food do Brasil e do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

O objetivo é compartilhar ideias e questões, projetos da sociedade civil, políticas públicas e alianças com o setor privado, na busca de estratégias comuns, em um contexto de celebração da riqueza, da sociobiodiversidade de diferentes culturas alimentares do Brasil.

A abertura incluiu a participação do presidente da CAR, Wilson Dias, que destacou que o apoio ao evento se deve por acreditar em tudo aquilo que o movimento Slow Food defende, além de fazer com que as comunidades interajam e deem visibilidade à sua produção e que a população, principalmente urbana, conheça esses produtos.

“É o que defendemos também. Começando pela pluralidade alimentar, pois quanto maior a diversidade de alimentos, maior a possibilidade de conservar os nossos biomas, integrar mais pessoas na produção. A partir do momento que damos mais visibilidade a esses alimentos, estimulamos o consumo e a comercialização, a defesa do meio ambiente, da biodiversidade, da proteção aos rios, terra, mata, relevo, aos animais”, afirmou Wilson Dias.

Agente de transformação

A mestra em Ciências Gastronômicas, chef de cozinha natural, escritora e apresentadora, Bela Gil, ressaltou que gastronomia não é somente cozinha e fazer pratos culinários, mas também cultura, sociedade, meio ambiente, literatura, história e que o mais importante é a conexão entre a terra e o prato, o paladar e a saúde, e ser agente de transformação.

“É importante a gente falar desse papel transformador da comida, do alimento, da gastronomia, da culinária, da agricultura, porque a gente pode transformar o mundo pela alimentação. O impacto que tem cada escolha alimentar que a gente faz é muito grande e a gente pode impactar positivamente ou negativamente. E não é só no nosso corpo, mas no meio ambiente, na vida dos agricultores, na saúde do solo”, disse Bela Gil.

Cooperação

Para o fundador do movimento Slow Food, Carlo Petrini, é preciso de cooperação para superar o crise que o mundo está passando. “É importante entender que acabou o tempo de competição e este é um conceito sobre o qual o Slow Food opera. O Terra Madre coloca em evidência a importância de trabalhar à frente dos valores relacionais. Desenvolver a ecologia exige uma educação que tenha a capacidade de enxergar os males que fazemos contra a nossa mãe terra, males sociais, que os primeiros a pagar somos nós, em particular as pessoas mais pobres. Esse conceito de ecologia, de respeito ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, de ter em mente a justiça social, é um conceito que o Slow Food leva em frente há muito tempo e vamos continuar nessa estrada”.

A cerimônia de abertura também contou com a presença do presidente da Associação Slow Food do Brasil, Georges Schnyder, da coordenadora de parcerias institucionais da Associação Slow Food do Brasil, Valentina Bianco, e da agricultora e coordenadora da Cooperativa de Agricultura Familiar Sustentável com Base na Economia Solidária (Copabase) de Fortaleza, Dionete Figueiredo.

O evento segue até domingo (22), com rodas de conversa, diálogos, oficinas do gosto, espaços educativos dedicados à cultura alimentar, apresentações artísticas, entre outras atrações.

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