Com apoio de programas estaduais, Cooperbac muda realidade de Barra do Choça
Terra fértil, água farta e uma gente forte e bem disposta para o trabalho nunca faltaram em Barra do Choca, no Planalto da Conquista, a pouco mais de 500 quilômetros de Salvador. O que faltava para um incremento vigoroso da economia local, alcançado nos últimos anos, chegou com os programas Vida Melhor e Bahia Produtiva, desenvolvidos pelo Governo do Estado. Com este apoio, os agricultores familiares de Barra do Choça — organizados em uma cooperativa fundada em 2007 — despontam entre os maiores produtores de café da Bahia e entre os melhores do Brasil.
A Cooperativa Mista dos Pequenos Cafeicultores de Barra do Choça e Região (Cooperbac) nasceu modesta, com o objetivo de organizar pequenos agricultores para conseguir preços mais baixos nas compras coletivas de insumos e melhores condições para escoar a produção. Logo no início do trabalho cooperativo, os primeiros resultados: redução de até R$ 20 por saca nas compras de insumos e os primeiros contratos de fornecimento para empresas.
Em 2010, quando a marca do Café Cooperbac foi registrada, a produção ainda era pequena — cerca de 100 mil sacas. Sem infraestrutura, os cooperados pagavam caro por serviços terceirizados e tinham dificuldade para acessar os programas governamentais.
Tudo começou a mudar em 2012, com o edital do Programa Vida Melhor, do Governo do Estado. A compra de uma torrefadeira foi o primeiro passo de uma caminhada vitoriosa. Naquele mesmo ano, a Cooperbac conquistou a certificação DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável), da Fundação Banco do Brasil, e com isso, a implantação de uma unidade de classificação e descascamento do café.
Com R$ 1,57 milhão captados junto ao Governo do Estado, os agricultores implantaram uma unidade de torrefação, moagem, empacotamento e classificação. A economia gerada pelo fim da terceirização desses serviços foi reinvestida na própria cooperativa, que ganhou fôlego para chegar a novos mercados e começou a vender para grandes atacadistas e para as prefeituras de Salvador e Camaçari, que incluíram café de boa qualidade na alimentação escolar.
Presidente da Cooperbac, Johara Oliveira já contabilizava um aumento de 50% na produção dos cooperativados: em 2017, dez anos depois da fundação, já eram 150 mil sacas. Mas 60% disso era classificado como “bebida mole” e ainda era preciso conviver e repassar boa parte dos ganhos com os atravessadores, que compravam por R$ 550 um produto cotado a R$ 650 por saca de 60 kg.
Bahia Produtiva
O Bahia Produtiva, explica Johara, viabilizou o laboratório de degustação. Finalizado no ano passado, o laboratório é tocado por três jovens, filhos de pequenos produtores cooperativados, capacitados para fazer a certificação e emitir laudos técnicos que habilitaram a Cooperbac a fornecer para grandes marcas nacionais de café. “Foi um avanço, importante, mas a gente entendeu que era preciso investir a melhoria da qualidade da matéria-prima”, explica a presidente da cooperativa.
Ainda pelo Bahia Produtiva, os agricultores conseguiram instalar 20 estufas e cinco despolpadores. Um café despolpado e seco numa estufa consegue a classificação de bebida mole, cotado a R$ 670. “O aumento da produtividade e a melhoria da qualidade dos processos de colheita, despolpagem e secagem proporcionaram ganhos em escala que fizeram alguns produtores a investirem na ampliação da infraestrutura de suas propriedades”, conta a agricultora. Dos 230 cooperados, aproximadamente 70% possui estrutura de secadores (estufa, terreiros) e despolpadores que ampliam a capacidade produtiva da cooperativa
Com um novo edital do projeto Bahia Produtiva, o Aliança Produtiva Territoriais, a Cooperbac vinculou associações de produtores de Planalto, Poções, Encruzilhada e Ribeirão do Largo e firmou contrato com uma grande empresa de exportação. O edital, que tem como principal objetivo a efetivação de parcerias comerciais entre organizações produtivas da agricultura familiar e o setor privado, permitiu a contratação de técnicos especialistas em comercialização. Três representantes comerciais orientaram a cooperativa a instalar moinhos em supermercados, onde o cliente pode moer o café na hora.