Cerca de 25% das empresas brasileiras não têm funcionárias negras
Um dado triste para o mercado de trabalho brasileiro, sobretudo para a Bahia, onde há um grande percentual de população negra: pesquisa realizada recentemente pela Triwi, uma empresa especializada na área de consultoria em marketing digital, apontou que cerca de 25% das empresas entrevistadas não têm mulheres negras no quadro de funcionários – aproximadamente uma em cada quatro. E quase 70% não contam com colaboradoras com alguma deficiência física.
De acordo com o levantamento, 27,4% das empresas entrevistadas contam com mais de 51% do quadro de funcionários representado por mulheres e 53,2% das empresas contam com até 30%.
Para Ricardo Martins, CEO e principal estrategista da Triwi, o levantamento mostra a existência de um grande abismo que ainda persiste na cultura das empresas, o que, segundo ele, precisa ser urgentemente mudado. “As mulheres ainda não têm a mesma oportunidade que os homens nem nenhum tipo de canal de denúncias de assédio”, aponta.
Em relação ao percentual de mulheres negras, a pesquisa aponta que 46,8% das empresas entrevistadas contam com até 10% do quadro de funcionárias representado por mulheres negras, e apenas 3,2% contam com mais de 51% de funcionárias negras.
Outra questão abordada foi qual o percentual de mulheres que ocupam cargos de chefia. A pesquisa revelou que 27,4% das empresas entrevistadas não possuem mulheres em cargo de chefia e 32,3% das empresas contam com até 10% de mulheres no comando.
O levantamento ainda mostra que em 48,4% das empresas entrevistadas as mulheres ganham menos que os homens. Apenas em 3,2% das empresas as mulheres ganham mais que os homens e em 19,4% das empresas as mulheres ganham igual aos homens.
Com relação a mães no mercado de trabalho, a pesquisa mostra que 35,5% das empresas possuem até 10% do quadro composto de funcionárias que são mães. Outros 32,3% possuem entre 11% e 30% delas. E em 9,7% não há empregadas que são mães.
A pesquisa apontou ainda que o nível de escolaridade das mulheres nas empresas é alto – 79% contam com mulheres com nível superior ou pós graduação.
Segundo Tricia Martins, co-fundadora da Triwi, a pesquisa apontou que as mulheres ainda têm um longo caminho pela frente. “Ainda há empresas muito tradicionais, em que mulheres não são escolhidas para ocupar cargos de alto escalão, mesmo possuindo as qualificações necessárias”, comenta.
Em relação à faixa etária, em 48,4% das empresas, a média de idade das mulheres é de 30 a 40 anos, em 27,4%, de até 30 anos, e em 17,7%, de 40 a 50 anos.
Ainda de acordo com o levantamento, apenas 9,7% das empresas possuem algum canal exclusivo para denúncias relativas a assédio sexual.
A pesquisa foi realizada entre os dias 4 e 17 de agosto com 2.542 empresas dos setores de serviços (53,2%), indústria (30,6%) e comércio (16,1%), das regiões Sudeste (45,2%), Centro-Oeste (14,5%), Sul (17,7%), Norte (11,3%) e Nordeste (11,3%) – 45,2% delas possuem mais de 500 funcionários e 27,4%, entre 2 e 50 empregados.