Bibliotecas Comunitárias adaptam atividades de incentivo a leitura

Desenvolvendo papéis de importância na sociedade, as bibliotecas públicas comunitárias, atualmente, reinventaram serviços, adaptaram procedimentos e colaboraram na produção e disponibilização de recursos literários.

Entreter, principalmente, as crianças se tornou um grande desafio para os pais e responsáveis em tempos de isolamento social e o projeto Kwanza se destaca, não só pelo objetivo de incentivar à afroleitura, mas porque a ideia partiu do jovem leitor e usuário da Biblioteca Comunitária Girassol, Kauan Kayodê, (13).

Gleidson Almeida, coordenador da biblioteca localizada em Lauro de Freitas, destaca que Kauan sempre esteve presente nas atividades como mediador de leitura entre as crianças. Com a pandemia, ele deixou de estar nesse espaço e com isso nasceu a proposta de manter o hábito da leitura entre os pequenos. “Sendo assim ele nos provocou. Como podemos levar os livros até às crianças se estamos em isolamento?”, destacou Gleidson. 

Kauan que frequenta a biblioteca desde a sua inauguração, em setembro de 2016, em parceria com Coletivo Cultural Ibomin, propôs realizar atividades como contação de história africana, afro-brasileira e indígena, incentivando a leitura de textos e poesias de escritores e escritoras negros, tudo isso virtualmente para crianças e adolescentes. A proposta se baseia nos princípios Kwanza: unidade, autodeterminação, trabalho coletivo e responsabilidade, economia cooperativa, propósito, criatividade e fé.

Essa atividade virtual foi uma das 49 propostas contempladas na categoria Bibliotecas Comunitárias, do Prêmio Fundação Pedro Calmon, dentro do Programa Aldir Blanc Bahia, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Todas as iniciativas culturais foram voltadas à prática leitora e a democratização do acesso gratuito aos livros em 09 territórios de identidade do estado.

Carmen Azevedo, Diretora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, avalia de forma bastante positiva os projetos contemplados e ressalta que, com os recursos da Lei Aldir Blanc “as bibliotecas comunitárias tiveram a oportunidade de, além de executar as atividades de incentivo à leitura de forma virtual, adquirir acervo para democratizar o acesso ao livro, promover capacitação de mediadores de leitura e adquirir equipamentos e ferramentas para contribuir com a execução de seus projetos”. 

Muitas foram as propostas de fortalecimento e valorização das culturas de matriz africana e indígena. Outro projeto premiado foi o Terra de Caboclo. Uma ação social e cultural do Terreiro de Candomblé Terra de Caboclo, na comunidade Quilombolas da cidade de Rio de Contas.

Julia Fagundes, responsável pelo projeto, conta que o mesmo foi idealizado por sua tia, Rosa Griô. “Nós sentimos a necessidade de realizar esse projeto, porque o município tem um apelo forte nas questões dos quilombos, da cultura afro e indígena, mas não possui nenhum trabalho mais ostensivo e efetivo relacionado à essas culturas”.

O projeto que além das atividades de incentivo à leitura, realizará palestras para pais de forma on-line, conteúdo pedagógico e rodas de conversas virtuais, contará também com aquisição de acervo para implantação da primeira biblioteca comunitária da região.

“Estamos sentindo um aumento de interesse em relação à leitura e o acesso a esse tipo de conhecimento que poucas pessoas tinham. Já estamos conseguindo mais adeptos. As pessoas do município estão mais curiosas em relação aos livros e querem colaborar com a Biblioteca Terra de Caboclo”, afirmou Julia.

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