Bahia recebe acervo digital de Glauber Rocha, com mais de 50 mil itens
Mais de 50 mil itens do acervo digitalizado de Glauber Rocha, além de cartazes originais dos filmes, a câmera do cineasta, um punhal utilizado em Terra em Transe e a espada que figura em A Idade da Terra vêm para a Bahia. A plataforma Tempo Glauber Digital será instalada no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em Salvador, sob a curadoria da filha do cineasta, Paloma Rocha. Paloma entregou todo o material digitalizado, além dos três objetos, à secretária da Cultura do Estado, Arany Santana, nesta terça-feira (8), em cerimônia realizada na sede da Diretoria de Audiovisual (Dimas), vinculada à Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) .
Segundo Arany, a entrega do acervo “foi o primeiro momento que nós vivemos hoje, aqui na Dimas, o segundo momento será a implantação de um portal digital no MAM, com equipamentos apropriados, cartazes, exposições, itens importantes e específicos para que o público possa vir a acessar todo esse acervo digital que hoje nós recebemos”. Arany avalia que o material é importante para pesquisadores, estudantes, não somente da Bahia, mas do Brasil e do mundo. “Todos poderão acessar esse Portal Digital que é o Tempo Glauber”., afirmou
Paloma Rocha conta que estão sendo disponibilizadas três peças históricas. “A primeira câmera do Glauber, que ele filmou Barravento, um punhal que foi utilizado no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol e uma espada, do filme idade da Terra. A produção intelectual do Glauber, como a gente define, é composta por 224 projetos, são 22 mil páginas escaneadas uma a uma dentro do padrão internacional de acervo. Isso foi feito em parceria com o Arquivo Nacional e a Cinemateca Brasileira”.
Paloma Rocha afirma que a maioria do conteúdo é inédito. “Nós temos várias versões do roteiro de Deus e o Diabo [na Terra do Sol], do Terra em Transe, tem romances, cerca de 400 desenhos, e cerca de quatro mil fotografias. Assim a obra de Glauber cumpre a sua principal vocação, que é o acesso do público”. Para Paloma Rocha, investir na restauração e na preservação da memória de Glaber Rocha faz parte de uma política pública do Governo do Estado. “Glauber é uma memória viva, os filmes dele dialogam com as ruas do Brasil hoje”.
Glauber Rocha
A ideia de trazer o acervo digital de Glauber Rocha foi do governador Rui Costa, durante a abertura da exposição ‘Glauber em Movimento’, em Vitória da Conquista, que marcou também os 38 anos de falecimento do cineasta em agosto de 2019. Nascido em 1939, na antiga Rua da Várzea, em Vitória da Conquista, Glauber Pedro de Andrade Rocha se mudou para Salvador com a família em 1948. Fez teatro e poesia, além de participar de um programa de rádio sobre cinema. Estudou direito e jornalismo, casou-se quatro vezes.
Ele é lembrado como um dos maiores cineastas brasileiros na história. Conquistou o mundo através de sua sensibilidade criativa. Revolucionário e vanguardista, Glauber fundou o Cinema Novo, movimento que imprimiu uma nova estética à produção cinematografia brasileira. Em sua obra, Glauber Rocha teve como sina poética retratar o seu povo.