Alban Galeria apresenta Paulo Whitaker & Álvaro Seixas: a pintura como um labor

A Alban Galeria tem o prazer de apresentar a exposição Paulo Whitaker & Alvaro Seixas, que reúne a produção artística recente em pintura do paulista Whitaker, nascido em 1958, e do carioca Seixas, nascido em 1982. Explicitar as datas de nascimento de cada um dos artistas não é, aqui, mera coincidência: as duas décadas e meia que separam a idade de ambos revelam uma relação de admiração geracional mútua entre os artistas, notadamente explícita pelo interesse de ambos por suas produções pictóricas. A abertura da exposição acontecerá no dia 17 de agosto, às 19h30, permanecendo aberta ao público de 18 de agosto a 22 de setembro.

Whitaker, renomado nome do circuito nacional da arte contemporânea – além de acumular exposições individuais e participações em coletivas mundo afora –, pode ser identificado, de certa maneira, como um integrante da Geração 80 que, famosamente, reivindicou um retorno à pintura, como resposta ao conceitualismo em voga na década anterior. Ainda que Whitaker estivesse geograficamente distante de nomes como Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leda Catunda, Luiz Zerbini e mais, o artista partilhava do mesmo senso de vocação quase única e exclusiva à prática pictórica, entendendo a pintura como um ofício diário, digno tanto de densas articulações teóricas quanto  de um modelo de trabalho que o exigia (e ainda o exige), rigor, dedicação plena e integral a este fazer artístico.

Em seu processo, Whitaker encara a superfície da tela como um plano livre, onde formas, cores e demais elementos aparecem ao longo da fatura da obra, sem que o artista estabeleça um pensamento prévio ou defina pragmaticamente um resultado já pensado para o trabalho artístico. Em sua vasta trajetória, o Whitaker tem sido radicalmente fiel à ideia de um processo de trabalho que viu, ao longo das décadas, o surgimento de cores mais vibrantes tomarem suas telas – como em suas pinturas recentes presentes nesta exposição -, ainda que tenha seguido fiel à ideia de um percurso de realização de suas telas que se assemelha a uma constante resolução dos “problemas” que estas vão lhe apresentando, conforme as pinta, em seu ateliê.

Seixas, integrante de uma prolífica geração de pintores cariocas que iniciam suas produções ao redor do início da década de 2000, com nomes de destaque espalhados por diferentes regiões do país, direciona – assim como tantos outros artistas desta sua fatia geracional – verdadeira admiração e respeito pelo trabalho Whitaker, que, da década de 1980 para cá seguiu trabalhando e produzindo incessantemente, debruçando-se apenas sobre dois suportes artísticos: o desenho e, sobretudo, a pintura.

De maneira análoga às escolhas processuais de Whitaker, Seixas vem desenvolvendo um singular vocabulário visual que partilha da liberdade de escolhas e decisões que conduzem à realização das pinturas do artista paulista. As telas do carioca, no entanto, diferenciam-se ao passo em que o tratamento a elas concedido aproxima-se um tanto mais da conjugação de referências distintas ao próprio universo da arte, frequentemente chegando em um território onde certo “caos organizado” se impõe no resultado de suas pinturas. Vale destacar, também, a constante oscilação de experimentação de Seixas em diferentes escalas em suas pinturas, ora dando um tratamento mais “flat” às telas maiores, ora investigando o acúmulo da tinta em robustos volumes que repousam sobre suas pinturas menores.

Sobretudo, a presente exposição nasce, portanto, desta espécie de relação afetiva/profissional nutrida já há alguns anos pelos dois artistas. Além disso, trata-se de uma mostra que conecta as produções pictóricas de cada um muitas vezes por vias em nada óbvias, diretas. Cabe aqui ao espectador buscar ler as nuances e peculiaridades da prática artística de Whitaker e de Seixas para então poder identificar, entre estas, suas semelhanças, seus métodos processuais ora em afinidade, ora em completa dissonância, assim como evidenciar os distintos usos das cores na obra de cada um; suas singulares maneiras de manipularem a tinta sobre a superfície da tela através de uma miríade de variações gestuais e de suportes (pinceis, espátulas, a própria mão), e daí em diante. 

Uma vez tomada esta consciência (possivelmente impressa de imediato, assim que o visitante adentra o espaço expositivo), entenderemos que não estamos diante de uma conversa artística da ordem da familiaridade passiva ou meramente complementar, mas, estamos nos colocando diante, sim, da peculiar conexão entre duas produções que, apesar de suas diferenças, encontram sua mais preciosa interseção em um território intergeracional em que a pintura reina como a prática eleita, por ambos, para dedicarem a maior parte de seus esforços físicos e psíquicos ao longo de suas trajetórias artísticas. Dois artistas decididos em trilhar caminhadas que se encontram nesta espécie de encruzilhada habitada por admiráveis “devotos” da pintura; do ato de pintar enquanto um modo de compreenderem a si mesmos e o mundo que os cerca.

Serviço:

Exposição: Paulo Whitaker & Alvaro Seixas

Abertura: 17 agosto/2023, 19h30

Período da exposição: 18/08 – 22/09/23

Visitação: segunda a sexta, 10h às 13h; 14h às 19h – sáb, 10h às 13h.

Alban Galeria Rua Senta Pua, 53 – Ondina – Salvador – BA, 40170-180 Tel: (71) 3241-3509 | 3014-2549

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